Maconha pode ser relacionada com saúde? Concorde você ou não, muito em breve, produtos à base de cannabis chegarão à farmácias e drogarias no país, afinal maconha e saúde são interligados, vendidos somente com prescrição médica e voltados ao controle de doenças relacionadas ao sistema nervoso central.
Depois de aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o novo regulamento para esses produtos entra em vigor em março de 2020, quando se completa o prazo de 90 dias da publicação no Diário Oficial da União.
A maconha foi considera serviço essencial durante a pandemia do corona vírus e lojas legais que vendem o produto tem autorização para ficarem abertas.
Derivados da maconha, alguns princípios ativos (THC e CBD) já poderão ser receitados como remédios e o uso dessas substâncias nada tem a ver com a droga que é fumada em sua forma de “baseado”, fomentando o tráfico e gerando muita polêmica sobre seus efeitos no organismo dos usuários.
Os canabinóides que passam pela regulamentação têm uma forma de uso muito diferente dos cigarros de maconha, atuando única e exclusivamente como mediadores químicos em pacientes com distúrbios ou alterações neurológicas.
Esses derivados, aliás, já são indicados por vários médicos especialistas há cerca de dois anos, em consultórios espalhados pelo Brasil.
Recém-publicado, o regulamento deve dar vazão para um novo mercado, inclusive expandindo as pesquisas nacionais dos compostos da cannabis e seus benefícios, bem como possíveis prejuízos à saúde, a exemplo das pesquisas que vêm sendo realizadas pelo Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da Faculdade de Medicina da USP, em Ribeirão Preto, e pelo Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba.
Além dos polos de pesquisa, começam a surgir cursos, validados pelo MEC, para profissionais ligados a maconha e saúde que procuram se especializar sobre o assunto.
É o caso da primeira pós-graduação de Medicina Canabinoide que será ministrado, em São Paulo, com duração de 18 meses, pelo urologista César da Câmara Segre um dos fundadores da startup Dr Consulta.
E a tendência é que nos próximos anos esse movimento cresça. Inclusive, o canabidiol deve ser incluído entre os conteúdos ensinados na graduação em medicina.
Maconha e saúde
Lá fora, o mercado bilionário da cannabis tem encontrado inúmeras soluções para seu uso medicinal, incluindo uma nova leva de startups da área da saúde. Como a Surterra Wellness, fundada em 2014, nos Estados Unidos, que realiza estudos de pesquisa clínica relacionados ao tratamento com canabinoides para ansiedade e dor.
Ou ainda a também americana Innovative Industrial Properties, criada em 2016, que compra terrenos e edifícios para o cultivo ou processamento da planta usada como medicamento.
A liberação de produtos à base de cannabis em tratamentos de saúde deve estimular novos estudos no país
A maconha, também conhecida por marijuana, é obtida de uma planta com o nome científico Cannabis sativa, que tem na sua composição diversas substâncias, entre elas o tetraidrocanabinol (THC), principal substância química com efeitos alucinógenos, que é o que leva a droga a ser utilizada de forma recreativa.
Além do THC, outro canabinoide presente na maconha é o canabidiol (CBD), que não possui efeitos alucinógenos, mas segundo vários estudos, pode proporcionar diversos benefícios terapêuticos.
O consumo de maconha é proibido no Brasil, porém, em alguns casos, o canabidiol, que é uma substância extraída da planta da maconha, pode ser usado para fins terapêuticos, mediante autorização específica.
Quais os benefícios da maconha na saude
Nos últimos anos, estudos têm demonstrado diversas propriedades terapêuticas de algumas das substâncias presentas na maconha, nomeadamente do canabidiol, tendo sido adotado como opção farmacológica em alguns países. Embora não sejam ainda amplamente utilizados, alguns dos componentes da maconha têm comprovadas várias utilidades clínicas, como:
- Tratamento da dor;
- Alívio das náuseas e vômitos causados por quimioterapia;
- Estimulante do apetite em pacientes com AIDS ou câncer;
- Tratamento das convulsões em pessoas com epilepsia;
- Tratamento da rigidez muscular e dor neuropática em pessoas com esclerose múltipla;
- Analgésico em doentes terminais com câncer;
- Tratamento da obesidade;
- Tratamento da ansiedade e depressão;
- Diminuição da pressão intraocular, útil nos casos de glaucoma;
- Atividade anti tumoral e anti-inflamatória.
Existe um medicamento com canabidiol forma da maconha utilizada na saúde que já é comercializado no Brasil, como o nome Mevatyl, e que está indicado para o tratamento dos espasmos musculares em pessoas com esclerose múltipla. Além disso, também é possível importar outros medicamentos com esta substância, com devida autorização. Estima-se ainda que, a partir de Março de 2020, venham a ser comercializados mais produtos à base de cannabis em farmácias do Brasil, que poderão ser comprados com a apresentação de uma receita médica.
Maconha e Covid-19
A Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança (Abrace Esperança) que produz oléo de maconha de forma medicinal irá doar insumos para pesquisas relacionadas a eficácia da cannabis no combate ao covid-19.