O primeiro extrato de canabidiol desenvolvido no Brasil chegou às farmácias de todo o País na semana passada, graças a uma parceria entre a indústria farmacêutica e cientistas da FMRP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto) da USP (Universidade de São Paulo), que há décadas pesquisam possíveis aplicações farmacêuticas para compostos derivados da planta Cannabis sativa — a maconha. Fabricado pelo laboratório Prati-Donaduzzi, no Paraná, o produto foi liberado para comercialização pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 22 de abril, e os primeiros lotes foram entregues ao mercado às vésperas do Dia das Mães, 10 de maio.
É só ir na farmácia comprar?
Mas não adianta procurar por ele nas prateleiras da farmácia, a venda está condicionada à apresentação de receituário tipo B (azul), de numeração controlada, a exemplo do que já ocorre com calmantes, antidepressivos e outras substâncias psicoativas, que atuam sobre o sistema nervoso central..
Além disso a GreenCare é a primeira empresa do setor de Cannabis Medicinal a ter seu portfólio de produtos pronto para a chegada nas farmácias brasileiras após aprovação pela Anvisa, o que deve ocorrer em meados de março. A empresa espera que produtos estejam nos pontos de venda no final do primeiro semestre.
Empresas investindo em cannabis medicinal!
O CEO da GreenCare, Martim Mattos, foi ao longo de 10 anos o homem forte das finanças na Hypera, antiga Hypermarcas, acumulando forte experiência em distribuição e posicionamento de produtos no varejo farmacêutico.“Estamos trazendo uma experiência inédita para o setor de Cannabis Medicinal no Brasil, que é um modelo de atuação altamente profissionalizado e idêntico ao da indústria farmacêutica”, afirma Mattos.
Os fármacos da GreenCare seguirão todos os critérios estabelecidos pela Anvisa. A proposta de regulamentação, aprovada em dezembro de 2019 pela agência, determina que estes medicamentos deverão ser vendidos exclusivamente em farmácias e drogarias, mediante prescrição médica.
O que encontraremos nas farmácias?
A GreenCare disponibilizará nas farmácias brasileiras três linhas de medicamentos. O primeiro deles é o que contém em sua composição somente o cannabidiol (CBD) e seu uso será indicado para o tratamento da epilepsia. A linha Full apresentará THC no limite permitido pela Anvisa e a linha Duo terá na composição CBD e THC na proporção 10/1. A companhia informa que nesse primeiro momento será ofertado no mercado brasileiro apenas produtos em cápsulas. Em um segundo momento serão lançadas versões em óleo.
Atualmente a GreenCare está presente nos Estados de SP, RJ, PR, SC, RS e DF. “Até o final do ano nosso plano de expansão prevê presença em todos os estados brasileiros, em especial nas grandes cidades e capitais”, complementa.
Detalhes sobre o medicamento
Quem precisa pode encontrar os produtos em farmácias sem manipulação e em drogarias. Para finalizar a compra é necessário ter uma receita assinada pelo médico. Importante ressaltar que a receita permite adquirir produtos com até 0,2% de THC.
Medicamentos acima deste nível de THC só podem ser prescritos, diz a Anvisa, em casos de pacientes terminais e que tenham esgotado todas as formas de tratamentos.
Cannabis é o gênero que inclui a variedade sativa, conhecida como a planta da maconha. Os produtos derivados não serão considerados medicamentos, mas uma categoria específica. A resolução da Anvisa abriu perspectivas de comercialização dessas substâncias, demandadas para o tratamento de doenças neurológicas diversas, da dor crônica ao parkinson.
Só remédio?
A resolução veda a comercialização do que chama de “forma de droga vegetal da planta ou suas partes, mesmo após processo de estabilização e secagem, ou na sua forma rasurada, triturada ou pulverizada, ainda que disponibilizada em qualquer forma farmacêutica”. Também são proibidos cosméticos, cigarros e outros fumígenos e alimentos à base de cannabis.